sexta-feira, 29 de junho de 2007

Exposição de Alcides Baião




«Linguagem da Terra» é o título da próxima exposição do pintor, escultor, ceramista Alcides Baião (http://www.alcidesbaiao.com) e também a festa de lançamento da «Tesoura, Papel e Pedra Lda»

Terá lugar no proximo dia 4 de Julho, 4ª feira, às 16 horas na Galeria Ceutarte, na Avenida de Ceuta, mesmo ao lado dos armazéns do Banco Alimentar contra Fome.

A festa será de arromba até à à meia-noite.

O objectivo da «Tesoura, Papel e Pedra» é representar escritores, pintores, escultores, fotógrafos, actores e tradutores especialisados nas suas mais diversas formas de espressão no mundo das artes

A não perder!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Comendador Joe Berardo

É espantoso como ainda se tem coragem de falar de jornalismo de investigação, quando o que se lê sobre Joe Berardo não passa de informação ligeira.

Seria interessante seguir, com rigor e profundidade, o percurso dele... as suas ligações ao apartheid, a certas personalidades portuguesas... cruzem, por exemplo, berardo ao bank of lisbon and south africa, hoje mercantile bank, ao falecido juíz Cecil Margo... etc, etc.
Ler atentatemente o dossier que se encontra disponibilizado na net http:www/ipocafrica.org./pubs/reports/apartheidgrandc.pd

A Memória dos factos


O ano 1975 constitui um marco na História recente de Portugal.

- Foi no seu decurso que a independência dos territórios portugueses em África foi reconhecida «de jure» pelo Governo Português.
- Foi no seu decurso que centenas de milhares de pessoas que tinham a sua vida estabelecida e estabilizada nesses territórios rumaram a este quadrilátero europeu, de mãos vazias que não de ânimo.
- Foi no seu decurso que o Governo Português preferiu as coisas às pessoas, nacionalizando terras e empresas detidas por cidadãos seus e retirando a nacionalidade portuguesa a quem não havia conhecido outra até então. Ainda hoje muitas dessas pessoas e seus descendentes permanecem entre nós em situação considerada ilegal em razão daquela decisão, atentatória do mais elementar dos direitos humanos.

Para que a memória se não dilua pelo assentar da poeira do tempo, é minha intenção ir evocando aqui alguns dos actos e dos factos que em meu entender foram marcantes no não muito distante ano de 1975.

Junho 1975
2 —
Declaração do ministro da Indústria e Tecnologia. De terem sido fixados os preços de venda ao público dos combustíveis liquidos a partir de1 de Abril 75
— Resolução do Conselho de Ministros. Estabelece normas provisórias para a instalação e funcionamento inicial da Assembleia Constituinte até à entrada em vigor do respectivo Regimento, aprovadas pelo Conse­lho de Ministros na sua sessão de 30 de Maio de 1975.
D. L. n.° 272/ 75. Revoga o D. L. n.° 44 062 de 28 de Novembro de 1961 — Determina que, sempre que detectados, seja obrigatória a reabertura dos processos em que, por virtude da aplicação do referido decreto-lei, tenham sido isentos de pena ou havidos como tendo agido em legitima defesa membros da ex-Legião Portuguesa.
Abertura da Assembleia Constituinte. O Presidente da República, Costa Gomes discursa.
4— D. L. n.° 274/75. Estabelece medidas relativas à necessidade de obstar à criminalidade no domínio do furto de automóveis e contrafacção dos respectivos ele-mentos identificadores.
— Resolução. Designa o vice-almirante José Baptista Pinheiro de Azevedo para desempenhar interinamente as funções de Presidente da República.
Port.a n.° 337-A/ 75. Introduz alterações na redacção de vários artigos do Estatuto do Oficial do Exército.
— Presidente da República Costa Gomes inicia uma visita oficial a França.;
4— Resolução do Conselho de Ministros. Adopta várias providências relativas ao empreendimento de Cabora Bassa.
D. L. n.° 276-B/75. Autoriza o ministro das Finan­ças a transferir, em nome do Estado, para a sociedade concessionária que se constitui para a exploração do aproveitamento hidroeléctrico de Cabora Bassa, as posições contratuais do Estado português.
Despacho. Cria a Comissão Coordenadora da Reor­ganização dos Serviços da Dívida Pública e indica a sua constituição.;
O presidente norte-americano Gerald Ford visita o papa Paulo VI
5 – Num referendo, 67,2% dos ingleses aprovam a permanência do reino Unido na CEE ; Reabertura do canal do Suez, encerrado em Junho de 1967, desde a Guerra dos Seis Dias com Israel
A Grécia solicita a sua adesão à CEE ; Independência de Cabo-Verde
D. L. n.° 278/75. Cria o Gabinete de Planeamento da Região dos Açores.
- D. L. n.° 280-A/75. Nacionaliza a sociedade Metro­politano de Lisboa, SARL.
D. L. n.° 280-B/75. Nacionaliza a Empresa Geral de Transportes, SARL.
- D. L. n.° 280-C/75. Nacionaliza vários grupos de empresas de transportes públicos (num total de 54 empresas de transportes de passageiros e mercadorias).
Port n.° 338-A/75. Introduz alterações no Esta­tuto do Oficial da Força Aérea.
6 — O CR determina a reabertura do jornal República, que será entregue à administração.
Manifestação em Ponta Delgada exige o afastamento do Governador Borges Coutinho, do MDP/ CDE. Pouco mais tarde será a perseguição aos partidos de esquerda.
7 — Resolução do Conselho da Revolução. Determina que o SDCI seja dirigido superiormente por três membros do CR, os quais terão, para todos os efeitos, competência igual à de ministro.
9 — Início dos trabalhos da Assembleia Constituinte. Henrique de Barros, do Partido Socialista, é eleito Presidente.
Aristides Pereira, secretário-geral do PAIGC, visita oficialmente Portugal.
11— Port.ª N.° 359/75. Fixa os limites a observar na venda, a residentes em territórios nacional, de notas e moedas metálicas estrangeiras com curso legal nos res­pectivos países e de outros meios de pagamento sobre o exterior, para despesas de viagem e turismo.
12 — D. L. n.° 288-C/75. Cria a Empresa Pública Rodoviária Nacional.
Independência de São Tomé e Príncipe ;
Confrontos em Luanda entre facções políticas rivais causam 300 mortos
Reúne-se em Portugal o Comité de Descoloniza­ção da ONU (Comité dos 24).
— Decorrem (até 15) as negociações entre Portugal e Cabo Verde, representado pelo PAIGC, sobre a desco­lonização de Cabo Verde, estando prevista a eleição da Assembleia Nacional daquele território em 30 de Junho de 1975.
— Resolução do CR. Nomeia a Comissão do MFA prevista em C.2 da Plataforma de Acordo Constitu­cional com os Partidos Políticos.
— D. L. n.° 287/ 75. Estabelece medidas relativas a acautelar os interesses dos cidadãos nacionais residentes no estrangeiro em situação militar irregular.
— D. L. n.° 288-B/ 75. Concede o grande colar da Ordem do Infante D. Henrique à Sr.a D. Elena Ceau­sescu, esposa do Presidente da República Socialista da Roménia.
- O Supremo Tribunal de Allabbad, na India, anula, por corrupção, a eleição de Indira Gandhi, em 1971, o que implica que a primeira ministra não pode desempenhoar funções durante 6 anos; A Grécia solicita a sua adesão à CEE
13 — O Presidente da República inicia uma viagem ofi­cial à Roménia.
14 — Roubo de armas de Santa Margarida que origina vasta operação stop em todo o País.
Comunicado do Episcopado sobre o momento presente, colocando reservas ao processo revolucionário.
16 — Na data marcada para a reabertura das instalações do jornal República não há acordo com a administra­ção, sendo reaberto o jornal, onde entram apenas os trabalhadores. Até 10 de Julho será o impasse.
Realiza-se a Cimeira de Nakuru, Quénia, com a participação dos três movimentos nacionalistas angolanos. É celebrado um acordo que prevê a realização de eleições, mantendo-se a data de 11 de Novembro para a independência.
Contudo, em Angola prosseguem os combates entre a FNLA e a MPLA, enquanto se intensifica o fluxo de retornados para Portugal.
D. L. n.° 292/75. Garante, com determinadas excepções, uma remuneração de montante mensal não inferior a 4 mil escudos a todos os trabalhadores por conta de outrem.
D. L. n.° 293/75. Extingue os Grémios Facultativos que dentro de 60 dias não se transformarem em associa­ções patronais.
— D. L. n.° 294/ 75. Garante uma remuneração mínima mensal de 4 mil escudos aos trabalhadores da função pública e adopta outras providências relativas aos mesmos trabalhadores. ;
Nas eleições gerais em Itália, a Democracia Cristã obtém 35,3% dos votos e o Partido Comunista 33,4%
17 — D. L. n.° 294-B/75. Extingue o Tribunal Militar Territorial de Cabo Verde.
— Manifestação dos Conselhos Revolucionários de Trabalhadores.
18 — Despacho. Cria uma comissão de investigação ao caso do navio “Angoche”.
Comunicado do COPCON sobre o caso do jornal República, apoiando os trabalhadores.
Manifestação e contra-manifestação frente ao Patri­arcado devido à situação na RR, com incidentes graves. O PS, através do seu porta-voz Sottomaior Cardia, apoia a Igreja Católica. 19 — O CR aprova o Plano de Acção Política.
— D. L. n.° 296/75. Extingue, entrando imediatamente em fase de liquidação, o Grémio Nacional dos Bancos e Casas Bancárias.
Comunicado do COPCON justificando a sua actua­ção na manifestação no Patriarcado.
Comunicado da Secretaria do Patriarcado e do Con­selho Permanente do Episcopado sobre a RR.;
C. Tsatos é eleito presidente da República da Grécia
20 — D. L. n.° 299/ 75. Estabelece normas destinadas a coordenar o funcionamento do Governo. Manifestação do Partido Socialista de apoio ao Plano de Acção Politica aprovado pelo Conselho daRevolução.
Comunicados de vários partidos face aos acontecimentos frente ao Patriarcado em 18 (documentos do PS, PCP, PPD, UDP).
D. L. n.° 301/75. Extingue a Inspecção-Geral de Créditos e Seguros.
21— D. L. n.° 306/75. Extingue, entrando imediatamente em fase de liquidação, o Grémio dos Seguradores.
24 — Despacho. Constitui uma comissão de coordena­ção das negociações no domínio económico e financeiro com os novos Estados.
D. L. n.° 308-A/75. Estabelece normas sobre a conservação da nacionalidade portuguesa pelos portugueses domiciliados em território ultramarino tornado independente.;
Um boeing despenha-se perto de Nova Iorque, provocando mais de 100 mortos.
25 — Port.a n.° 387/ 75. Introduz alterações ao Estatuto do Oficial da Armada.
Realizam-se em Lourenço Marques (Maputo) as cerimónias da independência de Moçambique. Vasco Gonçalves chefia a delegação portuguesa.
Moçambique torna-se independente
26 — D. L. n.° 310/75. Introduz diversas modificações no Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas.;
Indira Ghandi não aceita o veredicto do Supremo Tribunal, proclama o estado de sítio e faz prender os chefes políticos da oposição, excepto os comunistas pró-soviéticos.
27 - D. L. n.° 314/ 75. Determina a aplicação de várias sanções aos militares que pelas suas actuações contri­buam para a discórdia e a divisão nas Forças Armadas e prejudiquem o bom desempenho das especiais respon­sabilidades e tarefas que lhes incumbem.
29 — Fuga de 88 agentes da PIDE da prisão de Alcoentre.
30 — D. L. n.° 329/ 75. Cria em Paris uma missão permanente a que caberá a representação de Portugal junto da UNESCO
D. L. n.° 329-A/75. Introduz alterações no Estatuto dos Oficiais das Forças Armadas, aprovado pelo D. L. n.° 46 672 de 29 de Novembro de 1965.
D. L. n.° 329-B/ 75. Cria o Serviço de Informática do Exército (SIE).
D. L. n.° 329-C/75. Demite da corporação dos ofici­ais da Armada, desde 25 de Abril de 1974, o almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás.
D. L. n.° 329-E/75. Determina que aos militares na efectividade de serviço seja abonado, em cada ano, um subsídio de férias.
Decorre a Cimeira de Macau sobre a questão de Timor com a participação de delegações de Portugal, UDT e APODETI. A FRETILIN não comparece por discordar da participação da APODETI. O comunicado final anuncia a formação, a curto prazo, de um Governo de Transição presidido por um Alto-Comissário português, bem como de um Conselho de Governo, que preparará a lei eleitoral que decidirá o futuro de Timor, independência ou integração na Indonésia.
Portugal estabelece relações diplomáticas com a Guiana.
Novos combates em Luanda envolvem pela primeira vez os três movimentos nacionalistas. No Norte a situa­ção continua tensa, combate-se intensamente na capital do Uíge e o MPLA parece dominar os acontecimentos em Cabinda.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Estamos pertante um Estado Social?

in alamedadigital.com.pt/n8/



Incredulidade foi a primeira sensação que me assaltou quando me contaram a seguinte «história».
Em 1995 ocorreu um dos muitos acidentes de viação que infelizmente se continuam a verificar com demasiada frequência nas estradas portuguesas. Um homem de meia-idade, trabalhador anónimo que seguia pela berma da estrada foi atropelado, tendo falecido de imediato. Cumprindo a obrigatoriedade imposta por lei, a viatura encontrava-se abrangida por seguro contra terceiros.
A vítima encontrava-se abrangida pelo sistema de segurança social oficial instaurado pela previsão da Constituição da República Portuguesa, para o qual descontava mensalmente o quantitativo que lhe havia sido fixado em função da actividade que desenvolvia e dos réditos que dela obtinha.
Porque o sistema de segurança social prevê a protecção dos trabalhadores e suas famílias em diversas situações, entre as quais a de morte, veio entretanto a viúva a requerer a correspondente pensão de sobrevivência. O que lhe foi deferido, tendo-lhe sido arbitrada pelos serviços de Segurança Social uma pensão, cujo quantitativo se situava entre os 130,00 e os 140,00 euros mensais.
Não interessa para o resto da história a bondade das razões que levaram a companhia de seguros a não aceitar de imediato a sua responsabilidade na morte ocasionada pelo acidente. Não seriam, contudo, muito sólidas tais razões: não conformada com elas, a viúva levou a matéria a tribunal, para o que teve de contratar os serviços de um advogado. Volvidos anos (como é da praxe), o tribunal, examinando os factos e atendendo ao mérito da argumentação desenvolvida pelas partes, veio a condenar a companhia de seguros a pagar indemnização aos familiares da vítima mortal. Indemnização quantificada em, por um lado, danos patrimoniais e, por outro, danos não patrimoniais. Decisão que foi acatada pela ré.
Há dias, decorridos cerca de 12 anos sobre o acidente de viação, a viúva recebeu da Segurança Social a comunicação de que a pensão de sobrevivência que lhe havia sido arbitrada (não me foi referido quando lhe começou a ser paga) deixaria de lhe ser abonada até que se verificasse a sua concorrência com o valor de cerca de vinte mil euros, recebido da companhia de seguros a título de indemnização (suponho que por danos patrimoniais).
Tudo sob invocação de certas disposições de uma lei que em 1984 definiu as bases em que assenta o sistema de Segurança Social (Lei nº 28/84, de 14 de Agosto) e que, a despeito das últimas reformulações, se mantêm em vigor.
Terão, assim, os serviços da Segurança Social zelosamente aplicado a lei ao tomarem conhecimento desta «aberrante» situação (o cerco às «fraudes à lei» vai sendo apertado por via das novas tecnologias e da imposição às empresas de lhe reportarem determinadas factualidades).
Ao dar corpo a esta triste e mesquinha história, não é minha intenção fazer exegese jurídica, para a qual de resto não tenho a necessária competência.
Com o caso apenas pretendo pôr em realce que o Estado, a despeito de exigir que empregadores e trabalhadores contribuam para o seu sistema de Segurança Social a fim de poder assegurar a estes últimos e a suas famílias protecção em determinadas situações (oh!, como é «limite» a situação de morte!), ao fim e ao cabo se escuda no cumprimento de obrigações assumidas por terceiros e decorrentes de negócio jurídico em que ele não foi comparte e de que objectivamente não é beneficiário, para se escusar a prestar a protecção que virtuosamente proclamou.
Não me parece minimamente razoável que o cumprimento por um terceiro de uma obrigação que este voluntariamente assumiu possa servir de justificação para que eu próprio não tenha que cumprir um outro compromisso a que me vinculei.
Não gostaria que me fosse objectado com a existência de obrigações sob condição. Creio bem que o domínio em que estas obrigações decorrem se não coaduna com a invocação de «Estado Social» a que o Estado Português se arroga.
Não nos encontramos mais há vinte e tal anos atrás. Os sistemas criam-se, desenvolvem-se e evoluem para que de todo não morram.
O esquema de subsidariedade que, com particular relevo para o caso de morte, informaria o pensamento e a legislação dos anos 80 e anteriores, aliás em mitigação do princípio retributivo que deriva da prestação prévia de contribuições com finalidade pré-determinada, não me parece adequado. Para um são e justo equilíbrio social as partes devem prioritariamente cumprir as obrigações que consubstanciam contrapartidas do que exigiram.
Com efeito, hoje encontra-se em aberto todo um vasto campo em que se podem pôr questões sobre o comportamento da Administração relativamente a eventual complementaridade de esquemas de segurança social .
Face às disposições legais de 1984 invocadas para o caso de que foi contada a história, em que termos é que, em presença de contrato respeitante à protecção de idêntico interesse firmado com instituições de socorros mútuos ou com empresas privadas, as pensões de reforma ou de sobrevivência asseguradas pelo sistema estatal de Segurança Social serão abonadas? Em tal contexto, quais os efeitos dos «seguros de vida» (recorde-se que o Estado até parece estimulá-los ao admitir, em sede de IRS, a dedução dos respectivos prémios para o cálculo da matéria colectável)?
Dado que o facto e o interesse protegido são rigorosamente «os mesmos», as instituições estatais de segurança social considerar-se-ão sub-rogadas nos direitos do «lesado» até ao limite do valor das prestações que lhes cabe conceder, como (pelos vistos) sucedeu com o caso vindo de relatar?
Conviria, a todos os títulos, que esta matéria fosse devidamente dilucidada pelos poderes públicos.
Sobretudo agora, que rigor, verdade e transparência são arvoradas em mote para todas as decisões, ainda as mais polémicas; sobretudo agora, que a todo o momento nos é pedida a atenção para «as letras miudinhas» contidas em algumas cláusulas contratuais de viagens, de seguros, de habitação temporária.
Também a lei não deve conter «letras miudinhas». O sistema nacional de segurança social terá que ser o possível face ao financiamento que lhe serve de suporte. Mas terá necessariamente que ser consequente nos fundamentos sobre que assenta, nos princípios que enuncia e na sua aplicação.
A justiça é um valor demasiado elevado para ceder o passo à apregoação de uma solidariedade pouco selectiva. Esta conferirá votos, mas exaure recursos (de que maneira!) e fere a sensibilidade dos observadores da realidade social e, sobretudo, das suas vítimas, que não vêem respeitados os direitos que as contribuições que prestaram lhes devem, antes de tudo o mais, indiscutivelmente conferir.
Voltando à história que a traços largos foi relatada, em termos práticos a viúva apenas verá retomado pela Segurança Social o pagamento da sua anoréxica pensão de sobrevivência, fundada em contribuições prestadas, ao fim de um período de tempo que, se as contas que fiz estiverem certas, rondará os 12 anos.
Há que confiar na Divina Providência, que não na providência do Estado Social tão proclamado pelos poderes públicos portugueses, para que a sua «beneficiária» ainda seja viva quando tal ocorrência tiver lugar.


terça-feira, 19 de junho de 2007

Os «mistérios» dos estudos da localização do novo aperoporto de Lisboa

1. Alexandre Patrício Gouveia foi ou não um dos financiadores do Estudo da CIP alternativa ao aeroporto da OTA?
2 Qual o volume da sua participação no financiamento do Estudo da CIP ?
3. Em que qualidade é que tal financiamento se terá feito? (Recorde-se que Alexandre Patricio Gouveia é Director de Relacções Públicas do «El Corte Inglés» e Presidente da Fundação Aljubarrota para a qual António Champalimmaud contribui com avultados meios financeiros.)
4. O que tem sido a acção da Fundacção Aljubarrota até aos dias de hoje?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Presidente do Sporting convocado por José Sócrates

Que terá ido fazer o Presidente do Sporting à Residência oficial do Primeiro Ministro, José Sócrates a convocação deste, no sábado passado às 15 horas?
Haverá agora mais uma obra pública de iniciatiativa da sociedade civil?

Novidades Literárias em Julho 2007


Pode acontecer que o local para onde vá de férias tenha poucas livrarias. Antecipe as suas compras por forma a ter mais uma boa companhia.
Alêtheia Foi Assim de Zita Seabra (lançamento no dia 5 de Julho no Quartel do Carmo)
Ambar Diários de Havana de Wendy Guerra; A Magia de Ler de José António Marina e María de la Válgoma e O Retrato, vol II de Erico Verissimo
Antígona Três Contos Fantásticos de Ludwig Tieck
Bizâncio A Vida de Sonho de Sukhanov de Olga Grushin; 2012 - Ano do Apocalipse? de Laurence E. Joseph; Apesar dos Deuses - A Estranha Ascenção da Índia Moderna de Edward Luce
Casa das Letras Um Lugar sem Nome de Amy Tann; Efeito Medici de Frans Johansson; Romance do Expresso do Oriente de Vladimir Fédorovski, Livro dos Rapazes Brilhantes de Tom Cutler
Civilização Pânico de Jeff Abott; O Mistério do Túmulo de Colombro de Miguel Ruiz Montanez; O Português que nos Pariu de Ângela Dutra de Menezes e Segredos de Família de Kim Edwards
Cotovia A Procura do Amor de Nancy Mitfor; Época de Acasalamento de P.G. Wodehouse; Metamorfoses de Ovídio e Ensaios sobre Aristófanes de Maria de Fátima Sousa e Silva;
Difel Noite do Lago de herman Hesse e A Rainha Camila de Sue Townsend
Dom Quixote O Corrrespondente de Alan Furst; O Quinto Dia de Frank Schatzing; O Viciado de Matt Richell ; A Ponte Submersa de manuel da Silva Ramos; Poesia Completa de Miguel Torga - volumes I e II e A Atlas das Nuvens de David Mitchell. (finalista do Booker Prize de 2004) Colecção Booket O Vendedor de Passados de José Eduardo Agualusa; Budapeste de Chico Buarque; O Fiel Jardineiro de John Le Carré e A Família de Mário Puzo
Guerra & Paz Margarida na Austrália de Margarida Vilanova; Caderno de Rabiscos Para Adultos Que se Chateiam no Escritório de Claire Fay; Livro das (In)utilidades de António Costa Santos e Do Fanatismo de Eric Hoffer
Gótica Gone, Baby, Gone de Dennis Lehane
Gradiva O Dilema do Mayor de Uglyville de Ian Stewart; Destroços de Guerra de Ha Jin; O Silêncio dos Livros de George Steiner; O Abomivável Mundo Louco dos Cibernautas de Renato Montalvo e Conceição Monteiro; Pura Anarquia de Woody Allen e Lavoisier no Ano Um de Madison Smart Bell
Occidentalis Cátaros - História de uma Heresia de Pedro Silva
Oficina do Livro Viagens Sentimentais de Tiago Salazar; Cuba Libré de Tânia Ganho; Rosa Brava e Outras Histórias de Pedro Coelho e Soul Surfer - Coragem de Viver de Nethany Hamilton
Presença Não sou o Único - Zé Pedro guitarrista dos Xutos & Pontapés de Helena Reis; A História de Dave de Dave Pelzer; As Ameaças do Mundo Actual de Chris Abbott, Paul Rogers e John Sloboda; As Raparigas do Rosário de Richard Montanari; Roteiro de leitura da Bíblia de Frei Fernando Ventura
Planeta Ormuz: A Saga de Freyre de Andrade na Arábia, Pérsia e Índia
QuidNovi Um Criado Exemplar, de Alain Claude Sulzer (romance) ; As Crónicas do Corvo II de Clem Martini Juvenil Stardust – Espíritos Cintilantes,vol. 4: Magia Roubada
Sextante Aprender a Conviver, de José Antonio Marina; As Mãos do Pianista de Eugenio Fuentes.
Teorema A Confraria do Tinto de John Fante; Novembro de Flaubert e Corpo de Mulher de Alina Reyes
Tinta da China Uma Introdução à Vida de Churchill de John Keegan;
Sua Senhoria de Jaume Cabré (Prémio para o melhor romance estrangeiro em França),
Até Não Perceber – 16 de verdade a caminho da ficção, Fernanda Câncio (selecção das melhores reportagens desta jornalista) e América a Bem ou a Mal, Anatole Lieven

América a Bem ou a Mal, Anatole Lieven

domingo, 17 de junho de 2007

Perplexidades em torno da «passividade» do PCP perante o golpe do 25 de NOvembro de 1975

in alamedadigital.com.pt/n3/

À passagem de mais um aniversário sobre as acções militares levadas a cabo em 25 de Novembro de 1975, mantém-se no meu espírito alguma perplexidade sobre a posição que me parece ter sido adoptada pelo Partido Comunista Português (PCP), e que classifico de “incerta passividade”, quer no que directamente se relaciona com elas quer com o período que imediatamente o antecedeu.

Não parece sofrer qualquer dúvida que na sequência do 25 de Abril de 1974 o PCP era a única força política que se encontrava organizada, tinha uma consciência ideológica clara e um programa de actuação social e política coerente.

Algumas das metas fulcrais contidas no Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) coincidiam, pelo menos na aparência das palavras e dos propósitos anunciados, com as defendidas pelo PCP. E assim, aproveitando a euforia da súbita e radical mudança operada no horizonte político e social e apoiado pela militância dos seus filiados, não foi difícil ao PCP assumir uma indesmentível liderança no processo.

Sabendo exactamente o que pretendia, o PCP teve igualmente o mérito de saber utilizar os meios que, embora em muitos casos indirectamente, lhe possibilitaria alcançar os seus objectivos. E deste modo não teve grandes preocupações com o aparecimento dos muitos e variados grupos de uma extrema-esquerda inconsequente e socialmente deletéria. Deles, da divisão que entre si alimentavam, da agitação social que produziam e da consequente temerosa retracção de uma grande parte da sociedade, o PCP ia colhendo dividendos políticos.

Não foi sem surpresa que, em face de uma certa unanimidade gerada em torno do termo da prolongada guerra que o regime anterior mantinha na Guiné, em Angola e em Moçambique contra os movimentos armados independentistas e da imposição de uma estratégia em torno da independência a curto prazo de todos os territórios portugueses do ultramar desacompanhada da clarificação legal dos poderes do Governo, se verificasse em Junho de 1974 a demissão do dr. Adelino da Palma Carlos e a ascensão a Primeiro-Ministro do coronel Vasco Gonçalves.

Por arraste, na sequência da proximidade de Vasco Gonçalves com o PCP, da rápida politização das instituições militares e degradação da respectiva disciplina, bem como da credulidade e eventual inabilidade políticas do general Spínola e da sua “entourage” mais próxima, em Setembro seguinte, com a renúncia deste ao cargo de Presidente da República, o PCP viu coroados os esforços que na rua e nas unidades industriais e militares vinha desenvolvendo no sentido de dominar a condução da acção política a nível institucional.

O fracasso da incipiente e desorganizada “aventura” do 11 de Março de 1975 veio a constituir para o PCP o pretexto soberano para alargar à esfera da economia alguns dos seus princípios doutrinários mais caros: decididas que já haviam sido as independências dos diversos territórios portugueses em África (e cujas cerimónias oficiais se iriam realizar programadamente ao longo desse ano), foi rapidamente decretada a nacionalização dos principais sectores da actividade económica, tendo também lugar a ocupação não titulada de casas e terras, a “colectivização” das grandes propriedades agrícolas (promovida ou apoiada pelo PCP sem quaisquer embaraços por parte do poder político e do aparelho judicial) e a tomada da gestão por parte dos seus trabalhadores (e não só) de muitas das empresas que escaparam às nacionalizações (à qual a breve trecho, para sua sobrevivência, se teve que seguir o apoio estatal).

Assim, a breve trecho alguns dos grandes propósitos ideológicos do PCP vinham a ser alcançados através do domínio que aberta ou veladamente ele exercia nos principais meios de comunicação social, no controlo da actividade financeira e económica, e também no seio das estruturas militares e do poder político.

Mas o domínio que de facto exercia não era ainda suficiente. A aguerrida actividade de alguns grupos de extrema-esquerda, que ao PCP tinha sido muito útil e por isso tolerada e aproveitada, mostrava-se agora irredutível e antagónica ao exercício hegemónico por parte do PCP, pelo que nova frente de combate teve que ser aberta, apoiado pelos demais grupos que lhe estavam próximos.

Por outro lado, as “campanhas de esclarecimento político” empreendidas um pouco por todo o país não foram suficientemente controladas pelo PCP e não deram os frutos políticos esperados; a fidelidade do sentimento religioso de grande parte do povo português à igreja católica, sobretudo no norte do país, mantinha-se ainda em nível elevado; os partidos políticos com assento na Assembleia Constituinte tomavam consciência dos constrangimentos a que haviam sido remetidos (ou a que se haviam submetido); a bandeira do “desenvolvimento” agitada no Programa do MFA jazia por terra; possivelmente uma certa percepção de “kerenskisação” terá começado a instalar-se no espírito de alguns dos fautores do 24 de Abril que ainda tinham assento nas instituições político-revolucionárias.

Vasco Gonçalves acabou por cair. Aparentemente desamparado pelo PCP, mas suportado pelos grupos que lhe estavam próximos e com grande visibilidade com ele integravam a Frente de Unidade Revolucionária (FUR).

Pinheiro de Azevedo assumiu a chefia do VI Governo Provisório. Contestado na rua por massas populares instigadas e controladas pela FUR, não se intimidou. Chefias militares vitais foram substituídas, um esboço de disciplina militar começou a ressurgir a despeito de pontuais reacções em algumas unidades militares.

Uma primeira perplexidade me toma, não desfeita pelos diversos (alguns deles contraditórios) depoimentos das pessoas que desempenharam algum papel na cena político-militar em todo o processo, ou dele estiveram próximos, e que sucessivamente têm vindo a lume.

O PCP, doutrinado, infiltrado, experiente (por si e pelos seus congéneres em outros países), que até então tinha mantido o domínio da cena política portuguesa, não poderá ter-se alheado desta evolução da situação e deixado de fazer uma análise da mesma. A que atribuir, pois, a “timidez” que demonstrou na prevenção e na contenção de algo que objectivamente se apresentava tão profundamente perigoso para a sua hegemonia, e até desagregador das sinergias que até aí haviam caracterizado a sua actuação nos diversos campos em que se empenhara? A experiência, lucidez, agudeza de avaliação e empenhamento na luta do dr. Álvaro Cunhal não permitem se faça um branqueamento da atitude do PCP em toda esta fase preliminar.

O golpe militar (contragolpe na asserção dos seus protagonistas) do 25 de Novembro, de antemão preparado com cuidado mas não isento de riscos não totalmente controlados e não rodeado de tanto secretismo quanto se poderia julgar, teve lugar na sequência de um levantamento frontal dos paraquedistas de Tancos.

Nova perplexidade se me depara.

Desapossado do poder político, o PCP contenta-se com a declaração do major Melo Antunes da imprescindibilidade da sua participação na vida política portuguesa?

Ele, que tão bem se dera e crescera na clandestinidade, com objectivos que só ele podia com êxito prosseguir, porque aceita (e pactua) com uma situação que necessariamente o reconduzirá a uma posição que não deixará de ser de subalternidade, quando os meios que agora mantinha na cena política e na sociedade portuguesa eram bem superiores aos que em 1974 podia dispor e apesar disso o guindaram à posição a que ascendeu?

Ele, que conhecia bem o sucesso alcançado pela facção minoritária (bolchevista) na convulsão russa de 1917, a qual, a despeito disso, não deixou de travar uma guerra civil e obter a vitória contra os adversários internos que inclusivamente contavam com apoio exteriores, opta “motu próprio” por se remeter a uma posição defensiva?

Terá bastado aos dirigentes do PCP a perspectiva de na Constituição em gestação se vir a consagrar o “objectivo (de) assegurar a transição para o socialismo mediante a criação de condições para o exercício democrático do poder pelas classes trabalhadoras” e a irreversibilidade do “princípio da apropriação colectiva dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais, e a eliminação dos monopólios e latifúndios” e “da participação das organizações populares de base no exercício do poder local”? Mas a este propósito poderá ignorar-se o sequestro dos deputados constituintes e do próprio VI Governo Provisório, em que a participação do PCP foi evidente?

Conhecidas como eram as estreitas ligação e dependência do PCP com relação ao PCUS e à “intelligentsia” da URSS, ocorre perguntar se aquela sua atitude terá sido tomada à revelia dos seus mentores e protectores.

A consumação da independência de todos os antigos territórios portugueses em África, cujos dirigentes se sintonizavam com a URSS e portanto lhe abriam a porta no confronto com o capitalismo e o “imperialismo dos EUA”, era já suficiente?

Mas Portugal, considerados especialmente os arquipélagos da Madeira e sobretudo os Açores, não era estrategicamente tão importante quanto a longínqua e isolada Cuba?

A alteração do cenário interno da URSS e do cenário internacional verificada desde a “crise dos mísseis” (Krutchev/Kennedy) terá sido indiferente para a atitude adoptada pelo PCP nesse “virar de página” da revolução portuguesa?

sábado, 16 de junho de 2007

Férias escolares das crianças e jovens

Agora que os meninos não tem os professores para aliviarem os pais no cuidado dos filhos, eis uma série de propostas alternativas

Junho
25 a 29 de Junho
Paço d´Arcos
Roda Viva. 5 aos 12 anos
http://www.rodaviva.web.pt/
Jogos na praia; desportos, actividades criativas
OBS: «Cheque Roda Viva» é uma opção para os avós, tios, amigos para oferecerem nos aniversáros, passagens de ano lectivo, etc

25 de Junho a 7 de Setembro
Museu das Crianças traz-vos actividades de Verão no Museu de 2ª a 6ª feira
Para crianças dos 5 aos 12 anos. Temas: Artes Plásticas, Teatro, Histórias e Contos, Dança, Jogos Tradicionais, Jardinagem, Culinária, «Era uma vez... a Ciência», Segurança e Passeios em Festa.
Informações: aaha@museucriancas.com.pt

Julho
2 a 13 de Julho Segunda a sexta feira das 9h30 às 17h30
Curso de Verão no BalleTeatro Para todos entre os 7 e os 15 anos.
Praça 9 de abril, 76 4200-422 Porto
Telefone 22. 5 518 918 producao@balleteatro.pt
2 a 16 de Julho
Bairro Alto - Lisboa
Forum Dança organiza a 5ª edição do Arte Jovem para crianças e jovens dos 7 aos 13 anos.
Oferece uma semana completa de actividades artísticas e lúdicas, na área das artes: danças, teatro, vídeo, música.
Informações consultar o site http://www.forumdanca.pt/
2 a 27 de Julho
Jardim Botânico em Lisboa
Cursos Semanais de Verão para crianças dos 4 aos 13 anos
2ª a 6ª feira, das 9horas às 17h30
Temas semanais: • plantas numa roda viva: da semente ao fruto • plantas por dentro: funções vitais • plantas por fora: adaptações • plantas do dia-a-dia
• plantas em fim de Verão Actividades: visitas ao Jardim Botânico; laboratórios temáticos; compostagem e reutilização; peça de teatro/fantoches
Informação Raquel Barata Serviço de Extensão Pedagógica do Jardim Botânico - MNHN
Tel.: +351 210 170 159 Fax: +351 21 392 18 30
https://mail.impresa.pt/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.jb.ul.pt/ jbactividades@museus.ul.pt
2 de Julho a 27 de Setembro (excepto fins-de-semana)
4 aos 12 anos. Das 9 h às 18 horas
Oceanário de Lisboa
Um programa de ocupação de férias original, para despertar o fascínio pelo mar e pela descoberta dos mistérios dos oceanos nos mais jovens.As “Férias debaixo de Água” permitem desvendar os segredos dos tubarões, lontras, pinguins, e muitos outros residentes do Oceanário. O programa está construído em módulos de dez dias, com temáticas diferentes, permitindo aos jovens serem aquaristas por um dia, explorar as gélidas regiões polares sem saírem deste espaço, conhecer o mar através da literatura portuguesa e, até, aprender a salvar os oceanos com o Vasco, a mascote do Oceanário. As actividades normais não param; as visitas guiadas ao Oceanário e bastidores prosseguem, assim como, os jogos sobre conservação, a canoagem no centro náutico e mais algumas surpresas. O Oceanário de Lisboa promove o conhecimento dos oceanos e sensibiliza os cidadãos para o dever da conservação do património natural através da alteração dos seus comportamentos.
14 a 24 e/ou 29 de Julho
Roda Viva. Para maiores de 14 anos
Em Paço d´Arcos
Jogos na praia, desportos, passeios, actividades criativas
OBS: «Cheque Roda Viva» é uma opção para os avós, tios, amigos oferecerem nos aniverários, passagens de ano lectivo, etc
http://www.rodaviva.web.pt/ e/ou Tel 21.3021325 mcaguiar@rodavivA.WEB.PT
16 a 20 de Julho
Crianças dos 5 aos 8 anos. Das 9h às 13 horas
Espaço Azul na Rua Duques de Bragança, 6A em Lisboa
O programa de férias consiste na criação de um filme com as crianças - envolvendo a interacção da expressão plástica com as novas tecnologias da imagem – o vídeo e fotografia. Tem como ponto de partida a criação de uma história colectiva e a exploração de como esta poderá ser transmitida em suporte videográfico. Uma introdução às várias etapas de produção de um filme, desde a escrita do argumento, à planificação desenhada das várias sequências (o “story-board”), a construção dos cenários e adereços e, finalizando, as capturas vídeo.
Cada participante ficará com um dvd do filme realizado. Meios/Técnicas Envolventes:
· Desenho, pintura e escultura.
· Exploração do Vídeo como ferramenta de expressão plástica.
· Introdução às práticas de realização de um filme.
Obs: Divisão em grupos e idades é apenas uma referência. Irmãos e amigos não srão separados
e de 23 a 27 de Julho - Crianças dos 9 aos 12 anos
Inscrições: Telefone: 96 716 671 3
12 de Julho a 4 de Agosto
A bordo do Creoula
Inscrições Abertas. A associação Juvemedia proporciona uma aventura ímpar a bordo do Creoula : «A Tall Ships' Race» junta navios de todo mundo - 80 veleiros e mais de 3 mil participantes - e proporciona a milhares de jovens uma experiência real da vida no mar.
Condições para participar nesta aventura: ter mais de 15 anos e saber nadar. O preço inclui a viagem, alojamento, refeições e seguro. Para mais informações contactar a Juvemedia: info@juvemedia.pt ou tel. 21 354 27 11 http://www.juvemedia.pt/
Julho e Agosto - Ateliers de Verão
Concelho de Moura
Inscrições de 18 a 22 de Junho nos Pólos das Bibliotecas, Serviços de DASSE. Contacto luis.amor@cm-moura.pt
A Câmara Municipal de Moura promove os ateliers de Verão com o objectivo de ocupar os tempos livres de crianças e jovens dos 5 aos 16 anos.
Jornalismo (em articulação com o Instituto Português da Juventude), arqueologia, fotografia, natação e artes plásticas serão as actividades a desenvolver, extensivas às freguesias rurais pela primeira vez este ano, com excepção de Safara, onde a autarquia apoiará as actividades organizadas pela Casa do Povo.
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Em Portugal o conceito PlayCampus durante as férias de verão dos 5 aos 17 anos
É um loja de Campos de Férias e conta com o apoio do IAPMEI. Estão abertas as inscrições para as mais divertidas e inovadoras aventuras que farão a diferença no Verão.
1º PlayCampus da Mizar vai realizar-se na região do Douro na vila de Mesão Frio. A programação e actividades estão organizadas consoante as idades, e os turnos poderão ser de 1 ou 2 semanas, iniciando-se e terminando sempre aos sábados.
No PlayCampus os participantes vão encontrar:- programas temáticos e actividades diversificadas como slide, rappel, tiro com arco, orientação, BTT, canoagem, ateliers de expressão e elaboração de projectos, dinâmicas de interacção no grupo e na comunidade, etc;- alojamento e alimentação;- contacto regular com o meio natural e as comunidades locais
- apoio pedagógico e acompanhamento psicológico nos programas consoante as necessidades e idades dos participantes - estimulação do desenvolvimento pessoal (auto-estima, autonomia, socialização) aliada à experiência formativa e; - e muita diversão, claro!
Informações e/ou inscrições visite o site: https://mail.impresa.pt/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.mizar.pt/.
Estrada de Telheiras, 159 B
1600-769 Lisboa
21 757 92 14 ana.martins@hillandknowlton.com

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Revista «Alameda Digital»



Já se encontra on line o número oito da Revista «Alameda Digital», no qual além dos artigos subscritos pelos colaboradores habituais se inscreve o artigo «Como eu entendo a direita necessária» de Jorge Ferreira, convidado par participar nesta edição. http://www.alamedadigital.com.pt/n8/direita_necessaria.php


Jorge Ferreira é um dos políticos próximos do Dr. Manuel Monteiro, que com ele militou e foi dirigente da Juventude Centrista e posteriormente dos órgãos directivos do CDS/PP, quando Dr. Manuel Monteiro ascendeu à presidência deste partido político.

Actualmente faz parte dos órgãos directivos do Partido Nova Democracia. http://www.pnd.pt/


«Romancero Gitano»


A Miss Pearls do blogue http://www.misspearls.blogspot.com/

e parabéns pelo blogue publicado na Revista «Única» do semanário «Expresso» a 9 de Junho do corrente ano.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Filhos: Workshops de Férias

No Teatrão estão abertas as inscrições para as disciplinas de Expressão Dramática e Dança Criativa.

O programa de férias de Verão decorrerá em duas fases, de 9 a 13 de Julho e de 16 a 20 de Julho, com turmas de expressão dramática dos 6 aos 9 anos; dos 10 aos 13 anos e dos 14 aos 16 anos.

As classes do teatro d' O Teatrão constituem o programa base de formação da companhia para crianças e jovens dos 6 aos 18 anos.

Saiba Mais :

O Teatrão - Oficina Municipal do Teatro

Tel. 239.714 013 geral@teatrao.com
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Iniciação ao Desenho e Pintura para Azulejos

Pintar em azulejo. Venha conhecer os segredos dos pinceis. Uma abordagem à tecnica clássica da pintura azulejar, um princípio à exprimentação dos materiais.
Julho Sábado
3ª e 5ª feiras
10,30h às 12h
18,30h às 20h
crianças a partir dos 8 anos
O Campo de Sant´Ana
das 15H ÀS 18H
R. Santo António dos Capuchos, nº 33, pta B
ao Campo Sant´Ana ou Metro Avenida
T: 21 88 22 919. mf_azulejos@yahoo.com.br

Derivas Governamentais Uma breve e pontual interrogação

in alamedadigital.com.pt

Fora de questão está que os governos saídos da expressão da vontade popular em eleições legislativas orientem a sua acção em harmonia com as opções ideológicas e linhas programáticas de actuação que as forças partidárias correspondentes apresentaram nas campanhas eleitorais que para o efeito promoveram.


A vontade popular, formada a partir do exame do conteúdo do que lhes é proposto e também do balanço que haja feito da actuação dos executivos precedentes (muitas vezes da do imediatamente precedente e não raro com base em questões pontuais, que não de fundo), escolhe para o seu futuro, ainda que de horizonte tão somente próximo, as opções que lhe foram colocadas.


É assim que, coerentemente, deve ser.


O poder executivo tem o dever de actuar em sintonia com a vontade popular manifestada.


Para o fazer detém, contudo, o poder de escolher as vias que entenda mais adequadas para alcançar os fins propostos, salvaguardada sempre a sua legalidade.


A averiguação da legalidade das actuações concretas dos governos, quer na produção das normas jurídicas que fazem emanar no uso dos seus poderes constitucionais, quer na preparação e subsequente prática dos actos e celebração dos contratos que directamente ou através dos diversos órgãos da administração pública que superintendem ou tutelam, assume, por isso, um papel decisivo.


Um estado de direito pode aferir-se pelos meios que de um modo efectivo disponibiliza para o asseguramento da legalidade.


Afigura-se-nos, contudo, não ser suficiente tal disponibilidade. Com efeito, esta tende a ser exercida “a posteriori”, essencialmente por via correctiva (quer pela via graciosa de reclamação ou de solicitação de intervenção do Provedor de Justiça, quer contenciosamente).


E remediar não basta. É necessário prevenir.


A prevenção da verificação de tais situações vem-se tornando cada vez mais premente em face da complexidade da actividade administrativa e da sua conexão com inúmeras questões levantadas pela vida moderna. Bastará atentar na defesa dos chamados “interesses difusos”, de que são exemplares as questões ambientais e de ordenamento do território.


Tudo isto a propósito da não muito distante publicação das leis orgânicas de vários ministérios (Decs-Lei 203/2006 a 215/2006, de 27 de Outubro).


Nelas, seguindo a directiva constante da alínea a) do número 5 da Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2006, publicada nem 21 de Abril, se entrega às correspondentes Secretarias-Gerais a missão de assegurar o apoio técnico e administrativo aos membros do Governo em funções neles, e aos demais órgãos e serviços neles integrados, no domínio [entre outros] do apoio técnico-jurídico e contencioso.


A despeito de longa e circunstanciada, na referida Resolução não se justifica a opção da outorga universal desta atribuição às Secretarias-Gerais, com a consequente eliminação da figura do “auditor jurídico”.


Inicialmente generalizada a todos os Ministérios, a entidade “auditor jurídico”, investida obrigatoriamente na pessoa de um magistrado do Ministério Público, tem conhecido vicissitudes várias, que vão desde o ser pura e simplesmente “ignorada” pela actividade ministerial e serviços que integram o Ministério ou remetida a “isolamento” (porque sem dispor da coadjuvação de meios humanos técnicos da área jurídica e/ou de meios informáticos em rede), até à constituição de interessantes e profícuas “auditorias jurídicas” por si dirigidas e pelo trabalho produzido responsável. Em muitos casos, quando da feitura da lei orgânica de cada ministério, esta entidade terá sido julgada “superiormente” como supérflua, e consequentemente deixado de nele existir.


Há que reconhecer que a figura do “auditor jurídico”, tal como concebida do antecedente, é controversa.


Em comunicação apresentada ao I Congresso Nacional do Ministério Público organizado pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Publico em Maio de 1982 (“O Auditor Jurídico e a Defesa da Legalidade Democrática”, in “O Ministério Público numa sociedade democrática”, Lisboa, Livros Horizonte, 1984), o Dr. Artur Maurício chamava já a atenção para a contradição de princípio subjacente, por um lado, ao reconhecimento do movimento de institucionalização das Auditorias Jurídicas (centrado num Magistrado independente do Executivo) como uma decorrência do princípio de legalidade por que se deve pautar a Administração Pública e, por outro lado, entre outras, às circunstâncias do provimento facultativo do cargo de Auditor Jurídico, da sua audição facultativa, da natureza exclusivamente consultiva das funções, do carácter nunca vinculante dos pareceres emitidos, da ausência total de iniciativa por parte do Auditor.


A assinalada contradição faz com que o autor duvide de que o propósito do legislador executivo, pelo percurso que no âmbito da organização ministerial evidencia no que respeita à existência, faculdades atribuídas e operacionalidade que na prática casuística permite seja proporcionada às “auditorias jurídicas” confiadas a um magistrado independente, radique exclusivamente nos nobres princípios de isenção, de imparcialidade e de objectiva legalidade, vindo, a determinado passo, a exprimir o receio de que, em especial nos casos cuja solução maiores implicações assumam no plano político, o parecer de estrita legalidade emitido pela Auditoria apenas importe quando cubra ou sustente a decisão que, em termos políticos, convém.


Reflexão esta que nos permite inquieta extrapolação para o destino dos pareceres emitidos pelo Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República a solicitação ministerial, sujeitos como estão a homologação, ou não-homologação, pelo próprio órgão consulente!


Há que recordar que, nos termos da Constituição, “Ao Ministério Público compete representar o Estado (…) exercer a acção penal orientada pelo princípio da legalidade e defender a legalidade democrática”, e ainda que “O Ministério Público goza de estatuto próprio e de autonomia, nos termos da lei”.


Estas vocação e independência constituem-se, por si sós, como uma garantia sólida para o exercício, nos vários estádios que a actividade administrativa comporta, da defesa da estrita legalidade.


Mas premonitoriamente, na citada comunicação do já longínquo ano de 1982, e perante factualidade indiciária que refere e “rumores que regularmente se segredam de que as Auditorias Jurídicas são órgãos em vias de extinção”, o Dr. Artur Maurício se questionava “será lícito perguntarmo-nos se estes factos não significarão que se lhes começa já a passar a certidão de óbito…”


A via consagrada na Resolução do Conselho de Ministros acima indicada acaba por confirmar tal premonição, inserindo-se aliás numa linha de conduta que com mais visibilidade ultimamente tem vindo a dominar. E que se traduz num crescente recurso, conduzido pelo Executivo e por diversos organismos da Administração Pública, à consulta jurídica externa, quer para sustentar opiniões ou decisões (o caso das leis do financiamento da administração local e da administração regional é emblemático) quer para a discussão de termos contratuais.


En passant”, poderá recordar-se a notícia veiculada pela imprensa da opinião expressa, em passado relativamente próximo, pelo ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. José Miguel Júdice, sobre a conveniência de consulta obrigatória pelas entidades públicas dos principais escritórios de advogados relativamente a determinadas questões do foro jurídico.


Não se tomando posição sobre a bondade da solução por que se optou, dado que se não apresenta fundamentada, haverá contudo que assinalar que ela conduz não só a um fraccionamento de posições jurídicas relativamente às matérias que em cada Ministério sejam objecto de análise, como ainda a uma maior proeminência da princípio da oportunidade sobre o da estrita legalidade em sede de preparação das decisões, decorrente inclusivamente do sistema hierárquico a que os múltiplos juristas que integram os quadros de pessoal dos Ministérios se encontram sujeitos.


Quando o Executivo vem clamando pelas parcerias empresariais com as Universidades, não se vê consagrada na Resolução do Conselho de Ministros em causa uma linha que aponte para conveniência de, também no domínio técnico-jurídico, se indicar preferencialmente a adopção institucional de tal via para a Administração Pública.


Não estamos a falar de consultas ou “encomenda” de trabalhos, ainda que a nível de preparação de diplomas legais, a ilustres docentes universitários, mas sim de protocolos institucionais com as Faculdades de Direito das Universidades Portuguesas, conferindo assim aos trabalhos produzidos uma visão mais alargada (e por isso mais sólida e confiável) e de perspectivas temporais mais dilatadas (o que se vem tornando cada vez mais indispensável), reflectindo mais adequadamente os interesses gerais prosseguidos, e com reflexo na segurança da defesa da estrita e objectiva legalidade e da dirimição contenciosa dos conflitos (poderá referir-se a tal propósito o caso dos exames susceptíveis de proporcionar o ingresso no ensino superior?).


A menos que o banimento das “Auditorias Jurídicas” sob a chefia de Magistrados do Ministério Público contenda com os superiores interesses de tal magistratura, como seja o da escassez de elementos que a integram, a solução encontrada mina a unidade de pensamento técnico-jurídico de defesa da estrita legalidade, que é indispensável seja exercida para o conjunto de todos Ministérios e é fortemente possibilitada pela hierarquização dessa magistratura, e enfraquece (em vez de lhe dar maior consistência) a posição do Ministério Público enquanto representante do Estado nos processos contenciosos. O reforço das atribuições e definição das áreas de intervenção necessária de tais auditorias jurídicas, da afirmação do carácter vinculativo dos pareceres por si emitidos e outorga de poderes de iniciativa aos Auditores Jurídicos seriam o corolário lógico e necessário na prevenção da defesa da legalidade democrática que constitucionalmente é atribuída a um Ministério Público independente.


É assim lícita a interrogação: em que verdade se fundamenta a Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2006 no que respeita à extinção das “Autorias Jurídicas” sob a responsabilidade de Magistrados do Ministério Público, independentes do poder político?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Transparências




Um salto aos sumários do Diário da República Electrónico dos dias 21 e 22 de Fevereiro revelou a actividade febril do Conselho de Ministros (nada menos que 15 Resoluções deste órgão ao mais alto nível da administração) na aprovação de minutas de contratos de investimento, e respectivos anexos, a celebrar entre o Estado Português e empresas nacionais e estrangeiras em ordem à expansão e modernização, ou instalação, de unidades produtivas destas em várias localidades de Portugal.





Ora aqui está um punhado de boas notícias. Merecedor, em tempo da repetidamente anunciada retoma da economia portuguesa, de um conhecimento mais detalhado por parte dos cidadãos a quem a publicitação em Jornal Oficial é dirigida.


«Fui ver», julgando ter acesso, se não às minutas de contrato referidas, pelo menos, ainda que não exaustivamente, aos valores do investimento, aos aspectos essenciais a que se reportava, aos seus limites temporais e aos termos das correspondentes contrapartidas estatais. Que publicitação em Jornal Oficial é notícia fidedigna, clara, transparente, em que o público-alvo é toda a comunidade de cidadãos, interessada em conhecer a actividade de quem, em seu nome e para seu benefício, foi escolhido para a realização do bem comum!


E fiquei triste, porque a elucidação tentada acabou por ficar frustrada.


Os textos das Resoluções do Conselho de Ministros são, sem dúvida, ditirâmbicos. «Não era necessário!...», como acrescentaria conhecido comediante. O que nos interessava saber não está lá, senão de forma superficial e algo vaga. Curioso, contudo, o cuidado havido com a indicação do número de postos de trabalho que os investimentos permitirão criar (nem que não ultrapasse a dezena) e/ou manter.


Desconfortável sensação de vazio, de que afinal não chegou ainda o momento da transparência da actuação dos poderes públicos, de que para ao cidadão deverá bastar o anúncio, a publicidade.

Mas não é isso que ele pretende.


Ele deseja conhecer o quê, o como, o quando, o por quanto tempo.

E «os outros quantos» que resultam das isenções e benefícios fiscais, não divulgados.

De qualquer modo, apreço pelo trabalho da Associação Portuguesa de Investimento.

domingo, 10 de junho de 2007

«Visita aos Imortais»

A Annie Hall autora do excelente blogue http://outsider.weblog.com.pt

Visita aos Imortais


«Na montanha dos amigos do fogo os fornos de cinábrio

no fio da corrente flutua o poema

o grito dum grou transpôs a ponte das nuvens roxas

caminho de musgo frio

encontrei um leito de pedra ao alto no meio dos pinheiros

escondida nas flores, a gruta minúscula dum sábio»



Livro Cinquenta «Xiaoling» Zhnag Kejiu.

Tradução de Albano Martins, Campos das Letras

sábado, 9 de junho de 2007

Contadores de Electricidade, Gás e Água


No blog «Causa Nossa» de 21 de Fevereiro insurge-se o Professor Doutor Vital Moreira contra a intenção do Partido Socialista de fazer aprovar projecto de lei destinado a eliminar a taxa de aluguer de contadores no fornecimento de electricidade, gás e água. Em sua opinião, tal medida, parecendo justa, não o é, já que quem irá beneficiar dela serão sobretudo os proprietários de segundas casas, que teriam de pagar aqueles alugueres mesmo relativamente aos períodos em que as não habitassem. Como as empresas fornecedoras não prescindirão graciosamente das receitas que os alugueres geravam, terão de as repercutir no custo das unidades de consumo, o que irá penalizar os consumidores menos abastados.

Sempre fui de opinião que a exigência «ad aeternum» do pagamento do aluguer de um equipamento que serve para medir ou pesar o fornecimento de um bem era, por natureza, iníquo. É como ter de pagar indefinidamente o uso de um equipamento propriedade de terceiro (que por este me é imposto) e que, embora tendo por fim a manutenção de uma «certa» proporcionalidade das contraprestações de um contrato de fornecimento de um bem, serve fundamentalmente o interesse do seu proprietário (o fornecedor desse bem). É, desculpe-se «a talvez não exemplaridade do exemplo», como ter de pagar numa estação de serviço uma taxa autónoma (ainda que mínima) pela utilização da bomba abastecedora de combustível, ou da balança do vendedor num mercado.

A muito elevada consideração pela estatura moral e intelectual do Professor Doutor Vital Moreira questionou aquela minha convicção.

Mas não foi suficiente para que, por enquanto, dela me afaste. É que o peso do eterno e «insubstituível» aluguer de contador do gás, água, electricidade, telefone (e eventualmente outros quejandos serviços e abastecimentos) é sobretudo extremamente significativo na factura mensal dos consumidores menos abastados, justamente aqueles que em razão de possuírem menos equipamentos (ou com menor potência) menos consomem, ou aqueles que por uma ou outra razão ( v.g. ecológica) têm o cuidado de controlar os seus consumos. Em não poucos casos destes tipos de consumidores, o valor do aluguer (eufemisticamente também chamado de «assinatura») é idêntico ou mesmo superior ao do serviço efectivamente prestado ou bem consumido.

Teria sido de grande conforto para mim se aquela opinião tivesse sido fundamentada com números.

É, contudo, de estar atento ao diploma ainda não publicado. Esperaremos que as questões da fixação dos escalões do consumo ou do serviço prestado (seus níveis e valor das correspondentes unidades) bem como de um eventual consumo mínimo sejam criteriosamente ponderadas…





quarta-feira, 6 de junho de 2007

domingo, 3 de junho de 2007

You Know Who I Am
Leonard Cohen

free music

sábado, 2 de junho de 2007

Reis de Portugal



Quando do anúncio pelo «Circulo de Leitores» do seu propósito editorial de publicação de uma colecção de biografias dedicadas a cada um dos Reis de Portugal (34 volumes, cartonados, sobrecapas apelativas), no meu foro íntimo levantou-se a suspeita de que ele poderia vir a constituir um belo pretexto para adorno da sala-de-visitas de muitas casa portuguesas. Uma espécie de «bibelot» que, servindo de emulação às visitas pela sua visibilidade e extensão, aparentasse um interesse dos seus possuidores pela cultura e história pátria.

Bem à vista e arrumadinhos, lidas as primeiras páginas dos primeiros volumes recebidos, estes só serão retirados das prateleiras para limpeza do pó (que, asseadas, são as casas portuguesas).

Não sei se em alguns casos assim será.

Os trabalhos produzidos não merecem de nenhum modo que esta minha visão redutora inicial possa ter acolhimento.

Ao contrário, eles constituem não só um repositório da história de Portugal de consulta obrigatória e frequente para quem queira aprofundar os seus conhecimentos históricos ou colher pormenores de uma dada época da vida da nação portuguesa, como também para despertar em outros, nem que seja por fortuito passar de olhos por um que outro volume, um indisfarçado interesse pelo passado.

Passado que, queiramos ou não, nos moldou, a nós Portugueses, em um ou outro sentidos, mesmo por vezes antagónicos. Que, em suma, nos revela o que somos, como somos, e porque o somos.

Não é impunemente que nas páginas da colecção dedicada às biografias dos Reis de Portugal perpassem quase oito séculos da existência desta unidade que é Portugal !...

Não cabe neste apontamento deixar menção especial sobre qualquer das figuras biografadas.

E muito menos tecer considerações críticas sobre a visão que os autores de cada uma delas apresentam dos seus biografados. Das qualidades humanas destes e das suas fraquezas e misérias, dos seus dotes intelectuais e dos constrangimentos concorrentes para a formação da sua personalidade, da sua acção como governantes e do modo como lidaram com a permanente imbricação dos poderes civil e eclesiástico, num Estado que teve um catolicismo eminentemente tradicionalista, eivado de algumas intolerâncias mas fortemente inscrito na consciência individual e colectiva, como religião oficial.

Mas não pode deixar de referir-se a seriedade e profundidade da investigação subjacente a cada uma das biografias produzidas (com profusa revelação e citação das fontes que lhes serviram de suporte), e um claro esforço de distanciamento por parte dos seus autores das interpretações históricas próprias das eventuais escolas ideológicas em que a sua formação intelectual se inscreva. Esta convicção fundamenta-se também na circunstância de, por força da associação do infante presuntivo sucessor às tarefas da governação explicitamente feita pelo rei ou simplesmente pelas «impaciências», rebeldias e afrontamentos do presuntivo sucessor durante o reinado de seu pai, não se mostrar visão substancialmente diferente no tratamento dado por autores diferentes a um mesmo período histórico.

Afigura-se-nos que, por esta via, a colecção «Reis de Portugal» se apresenta, a despeito da grande diversidade de autores, com uma unidade referencial assinalável.

Mérito incontestado é ainda de atribuir ao reporte feito aos eventos europeus coevos do período histórico de cada reinado. A ligação e comparação temporal dos fastos portugueses com os principais acontecimentos da Europa (e a partir do ciclo dos descobrimentos com o mundo) é imprescindível para a sua compreensão. Como igualmente o são as alianças matrimoniais entre as casas reinantes na Europa espelhadas nos quadros genealógicos contidos no final de cada volume, influentes que tais alianças foram no delineamento e na execução das políticas externas dos países europeus. Equilíbrios contingentes e instáveis é certo, e frequentemente funestos para as comunidades nacionais ou para-nacionais mais frágeis. Mas foi essa a história europeia!

Cada vez mais esquecida, maltratada e truncada como disciplina curricular do ensino nas escolas portuguesas, a História de Portugal merecia uma revisitação global por forma inédita.

Creio firme e fundamentadamente que a editora «Círculo de Leitores», contribuiu de forma notável, com a concretização do seu propósito editorial, para a acessibilidade a esta «revisitação».

Pelo número de volumes, o seu custo global não é nada simbólico. Contudo é bem capaz de ser inferior ao de uma efémera viagem às Caraíbas em curtas férias de Verão!... E será bem mais perene que qualquer colecção de fotografias digitalizadas.