terça-feira, 29 de maio de 2007

Sic transit memoria mundi


Cumpriram-se no dia 22 de Maio nove anos sobre a súbita e inesperada morte do professor doutor Francisco Lucas Pires, ocorrida em condições dramáticas quando, conduzindo o seu automóvel em viagem para Coimbra, sofreu ataque cardíaco que se revelou fatal.
O absoluto mutismo dos meios de comunicação social falada, escrita e televisiva portugueses sobre a efeméride, bem como o publicamente generalizado silêncio de amigos, colegas universitários, parlamentares, classe política, sugeriu-me a paráfrase que utilizei no título desta breve nota.
E no entanto Francisco Lucas Pires não foi um cidadão anónimo: mente brilhante, professor universitário, presidente do CDS (a cuja matriz democrata-cristã acrescentou a vertente conservadora e liberal), deputado à Assembleia da República, ministro da Cultura, deputado ao Parlamento Europeu.
Europeísta convicto, que não por cálculo, deixou à sociedade e à democracia portuguesas um legado importante através da sua actuação pública, dos seus discursos e dos seus escritos publicados, o último dos quais («Portugal e o futuro da União Europeia. Sobre a revisão dos tratados em 1996», Difusão Cultural, Lisboa, 1995), a despeito do tempo decorrido e das etapas entretanto desenvolvidas, se mantém nas vésperas de mais um presidência portuguesa da União Europeia de uma indesmentível actualidade. Atrevo-me a recomendar a sua releitura, não só por parte dos responsáveis pela condução dos trabalhos desta importantíssima presidência como pelo público em geral, fortalecendo a sua consciência de cidadania portuguesa e europeia e consequente esclarecida intervenção.

Serve esta simples nota de indesmentível e quase solitário testemunho de respeito, gratidão e amizade.